Vereadores Sidnei e Aranha voltam a insistir para que
Nanuque faça parte do projeto de integração aérea
Aranha e Sidnei na Codemig (foto-arquivo março de 2017) |
A quinta fase do “Voe Minas Gerais, Projeto de Integração
Regional – Modal Aéreo” entra em operação na próxima segunda-feira (16), com
mais duas cidades: Januária e Pirapora, localizadas no norte do estado. A iniciativa
é do governo estadual, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais (Codemig) e da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop).
São as novas linhas aéreas para Belo Horizonte – Aeroporto da Pampulha.
Outra novidade desta nova fase, anunciada pelo governo, é
que Teófilo Otoni, destino mais procurado no projeto, ganhará mais voos
diretos: um voo de Belo Horizonte para Teófilo Otoni nas segundas-feiras pela
manhã e de Teófilo Otoni para a capital nas sextas-feiras à noite, atendendo a
solicitações dos passageiros.
Agora, são 17 cidades atendidas pela integração aérea. Enquanto
isso, Nanuque, que chegou a ser uma das primeiras cidades relacionadas pelo
governo anterior, permanece excluída do projeto. Essa preocupação já foi
manifestada pelos vereadores Sidnei Pereira Silva, o Sidnei do Frisa (PPS), e
Antonio Carlos Aranha Ruas (PSD). Indignados, vão reforçar o apelo ao
governador Fernando Pimentel e ao diretor de serviços da Codemig, Zito Vieira,
amigo comum dos dois.
Para Sidnei, “não se pode matar a história”. Ele lembra
que, meio século atrás, na década de 1960, Nanuque possuía aeroporto com movimentação
de voos para Belo Horizonte e outras cidades. “Essas linhas foram desativadas,
muitos deputados e governadores prometeram revigorar o Aeroporto Jorge
Schieber, fazendo média com os eleitores, mas nada foi feito. A gente sabe de
notícias recentes de liberação de verbas, mas essas notícias também foram
anunciadas no passado, sem que nada de concreto fosse feito”, afirma Sidnei.
“Em março, estivemos em Belo Horizonte com o amigo Zito
Vieira e colocamos o assunto em pauta. Estamos aguardando boas notícias”, ressaltou.
Seu colega Aranha, que também está diretamente ligado a
Zito, observou: “Não adianta usar o critério populacional para explicar,
porque, entre as 17 cidades atendidas, Almenara, por exemplo, tem
aproximadamente 38 mil habitantes, assim como Araçuaí, com 36 mil habitantes,
ou seja, populações menores que a de Nanuque. Há muito tempo nossa cidade
deveria estar nesse grupo de cidades interligadas por linhas aéreas”.
Os 17 municípios atendidos na quinta fase são: Almenara,
Araçuaí, Araxá, Belo Horizonte, Diamantina, Januária, Manhuaçu, Paracatu,
Passos, Patos de Minas, Pirapora, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Teófilo Otoni,
Ubá, Varginha e Viçosa.
O PROJETO
O Voe Minas Gerais é uma iniciativa de fomento ao
transporte aéreo regional que tem como fundamento a flexibilidade das rotas,
que são desenvolvidas e adaptadas para atender às demandas locais. Um dos
objetivos principais do Voe Minas Gerais é estimular novos negócios e o
turismo, aproveitando a infraestrutura aeroportuária pública disponível no
Estado.
O Voe Minas Gerais foi lançado em agosto de 2016, ligando
12 cidades mineiras ao Aeroporto da Pampulha, na capital. Em novembro do ano
passado, outras cinco cidades foram incluídas às rotas, que passaram a ter,
além de voos diretos para Belo Horizonte, opções de escala, com voos que ligam
os municípios do interior entre si. Em junho deste ano, o projeto iniciou sua
terceira fase, ampliando a atuação no Vale do Jequitinhonha e chegando ao Norte
do Estado. No mês de agosto, a quarta etapa incluiu mais municípios e ampliou o
atendimento.
Os voos são realizados em aeronaves Cessna Grand Caravan
208 B, que transportam até nove passageiros. O valor das passagens varia de R$
130 a R$ 750, de acordo com a distância percorrida.
O projeto busca fomentar os negócios locais, desenvolver
o turismo, integrar as diversas regiões do estado e facilitar o deslocamento de
moradores do interior para Belo Horizonte, permitindo que tenham acesso rápido
a eventos e serviços disponíveis na capital.
Para Minas Gerais, que possui uma área total de quase 600 mil
quilômetros quadrados, o investimento na regionalização por meio do transporte
aéreo é estratégico para atender a meta de redução das desigualdades nos 17
territórios de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo do Estado.
Segundo informações da Anac, Minas Gerais conta com 86
aeródromos públicos. A administração, a manutenção e a exploração dos aeródromos
públicos são atribuições da União. A Setop vem trabalhando em processos de
delegação União-Estado, possibilitando investimentos do Governo do Estado em
reformas, melhorias e posterior delegação aos municípios ou empresas, para
operação e manutenção.
NANUQUE SEMPRE FICA DE FORA
Nanuque, que até já teve aeroporto com linhas regulares
nas décadas de 1960 e 70, não sai do chão. Há exatos 14 anos, a cidade aparece no foco dos investimentos
do Governo de Minas no setor, mas permanece em segundo plano, ou, melhor
dizendo, em plano terrestre.
Entre maio e junho de 2003, quando o prefeito de Nanuque
era o médico Armando Gomes, o Governo de Minas começou a sinalizar, de forma
vigorosa, com ampla propaganda, a possibilidade de investir pesado no Aeroporto
Jorge Schieber, reativando linhas aéreas regulares para Belo Horizonte. Era
lançado o Programa Aeroportuário de Minas Gerais (ProAero), pelo então governador
Aécio Neves, e Nanuque apareceu entre as primeiras cidades a serem contempladas
com recursos do programa.
Dez anos depois, no dia 15 de abril de 2013, o governo do
estado liberou R$ 2 milhões 100 mil na adequação e modernização do aeroporto de
Teófilo Otoni, dentro do ProAero. As intervenções incluíram a reforma e
melhoramento da pista de pouso e decolagem, do pátio de aeronaves, da
sinalização diurno e balizamento noturno. Na região do Jequitinhonha/Mucuri, o
ProAero anunciava gastos de cerca de R$ 23 milhões nos aeroportos de Capelinha
e Diamantina, e estavam previstas intervenções nos aeroportos de Almenara e
Araçuaí.
Com o governador Antonio Anastasia (2011-2014), Nanuque
continuou de fora. O atual governador Fernando Pimentel, que esteve na cidade no
dia 3 de agosto, assumiu em janeiro de 2015 e caminha para finalizar seu
terceiro ano de mandato.
ITAMAR FRANCO FALOU DO AEROPORTO DE NANUQUE HÁ MAIS DE 40
ANOS NO SENADO
Foi no dia 28 de junho de 1975, quase 38 anos atrás, que
o então senador Itamar Franco (que se tornaria Presidente da República em 1992
e Governador de Minas em 1999), fez um discurso da tribuna do Senado Federal
abordando a suspensão de voos para o Município.
Em plena sessão, Itamar fez um apelo ao ministro da
Aeronáutica na época, tenente-brigadeiro Joelmir Campos de Araripe Macedo, no
sentido de que fossem “determinadas providências urgentes para contornar a
situação de isolamento por que passa aquela cidade, ao ver suspensos os voos
regulares da Varig, de Belo Horizonte a Salvador, com escala em Nanuque, tendo
já a Transbrasil, há dois meses, abandonado o Aeroporto daquela cidade”.
NELSON MARTINS QUADROS ERA O PRESIDENTE DO SINDICATO
RURAL DE NANUQUE
O senador tomara conhecimento do problema por meio de
telegrama a ele endereçado, assinado pelo então presidente do Sindicato Rural
de Nanuque, Nelson Martins Quadros. No telegrama estava escrito (mantido o
texto original da época): “Comunicamos V. Ex.ª que Varig suspendeu ontem seus
vôos regulares para Nanuque vg na rota Belo Horizonte-Salvador pt Há dois meses
Transbrasil abandonou nosso aeroporto. Sem rodovia pavimentava, agora também
sem aviação comercial doméstica, Nanuque acelera seu isolamento de Minas Gerais
pt Comunidade revoltada pt Respeitosamente Nelson Martins Quadros vg Presidente
Sindicato Rural de Nanuque”
O histórico pronunciamento de Itamar Franco está contido
no livro “Minas no Senado”, editado em 1980, que traz um balanço de sua atuação
naquela casa legislativa.
Em março de 2009, a Secretaria de Estado de Transportes e
Obras Públicas (Setop) do Governo de Minas chegou a divulgar nota oficial,
garantindo que, no máximo, até o final de 2010, deveriam estar concluídos os
trabalhos de modernização e regularização de linhas aéreas no Aeroporto Jorge
Schieber, de Nanuque. O compromisso não foi cumprido.
Na ocasião, Marcos Bicalho, chefe de Gabinete da Setop,
informou: “o Aeroporto deverá receber melhoramentos e balizamento noturno para
voo por instrumento, conforme previsto no programas Proaero”. Acrescentou,
ainda, que o projeto de engenharia estava sendo elaborado e ficaria pronto
ainda naquele primeiro semestre de 2009. “De acordo com o programa, a
realização dos trabalhos de melhoramentos está prevista para 2010”, assegurava
o documento da Setop.
A informação da Setop foi redigida com aproveitamento de
dados de relatório feito pela Comissão Especial dos Aeroportos da Assembleia
Legislativa, instalada em 2008 para estudar investimentos visando fortalecer a
aviação regional.
Foi constatado que o Aeroporto de Nanuque “necessitava de
poucos investimentos para ficar em plenas condições de receber linhas
regulares, como a remoção de um lixão nas proximidades, iluminação da pista e
equipamentos operacionais”.
O Aeroporto Jorge
Schieber foi referência no processo de desenvolvimento socioeconômico de
Nanuque e região nas décadas de 60 e 70, mantendo linhas regulares para
importantes cidades, incluindo Belo Horizonte, Ilhéus (BA) e Vitória (ES).
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