sexta-feira, 13 de outubro de 2017

GOVERNO INTEGRA MAIS DUAS CIDADES NO “VOE MINAS GERAIS”, MAS NANUQUE CONTINUA DE FORA


Vereadores Sidnei e Aranha voltam a insistir para que Nanuque faça parte do projeto de integração aérea

Aranha e Sidnei na Codemig (foto-arquivo março de 2017)
A quinta fase do “Voe Minas Gerais, Projeto de Integração Regional – Modal Aéreo” entra em operação na próxima segunda-feira (16), com mais duas cidades: Januária e Pirapora, localizadas no norte do estado. A iniciativa é do governo estadual, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop). São as novas linhas aéreas para Belo Horizonte – Aeroporto da Pampulha.

Outra novidade desta nova fase, anunciada pelo governo, é que Teófilo Otoni, destino mais procurado no projeto, ganhará mais voos diretos: um voo de Belo Horizonte para Teófilo Otoni nas segundas-feiras pela manhã e de Teófilo Otoni para a capital nas sextas-feiras à noite, atendendo a solicitações dos passageiros.


Agora, são 17 cidades atendidas pela integração aérea. Enquanto isso, Nanuque, que chegou a ser uma das primeiras cidades relacionadas pelo governo anterior, permanece excluída do projeto. Essa preocupação já foi manifestada pelos vereadores Sidnei Pereira Silva, o Sidnei do Frisa (PPS), e Antonio Carlos Aranha Ruas (PSD). Indignados, vão reforçar o apelo ao governador Fernando Pimentel e ao diretor de serviços da Codemig, Zito Vieira, amigo comum dos dois.

Para Sidnei, “não se pode matar a história”. Ele lembra que, meio século atrás, na década de 1960, Nanuque possuía aeroporto com movimentação de voos para Belo Horizonte e outras cidades. “Essas linhas foram desativadas, muitos deputados e governadores prometeram revigorar o Aeroporto Jorge Schieber, fazendo média com os eleitores, mas nada foi feito. A gente sabe de notícias recentes de liberação de verbas, mas essas notícias também foram anunciadas no passado, sem que nada de concreto fosse feito”, afirma Sidnei.

“Em março, estivemos em Belo Horizonte com o amigo Zito Vieira e colocamos o assunto em pauta. Estamos aguardando boas notícias”, ressaltou.

Seu colega Aranha, que também está diretamente ligado a Zito, observou: “Não adianta usar o critério populacional para explicar, porque, entre as 17 cidades atendidas, Almenara, por exemplo, tem aproximadamente 38 mil habitantes, assim como Araçuaí, com 36 mil habitantes, ou seja, populações menores que a de Nanuque. Há muito tempo nossa cidade deveria estar nesse grupo de cidades interligadas por linhas aéreas”.

Os 17 municípios atendidos na quinta fase são: Almenara, Araçuaí, Araxá, Belo Horizonte, Diamantina, Januária, Manhuaçu, Paracatu, Passos, Patos de Minas, Pirapora, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Teófilo Otoni, Ubá, Varginha e Viçosa.

O PROJETO

O Voe Minas Gerais é uma iniciativa de fomento ao transporte aéreo regional que tem como fundamento a flexibilidade das rotas, que são desenvolvidas e adaptadas para atender às demandas locais. Um dos objetivos principais do Voe Minas Gerais é estimular novos negócios e o turismo, aproveitando a infraestrutura aeroportuária pública disponível no Estado.


O Voe Minas Gerais foi lançado em agosto de 2016, ligando 12 cidades mineiras ao Aeroporto da Pampulha, na capital. Em novembro do ano passado, outras cinco cidades foram incluídas às rotas, que passaram a ter, além de voos diretos para Belo Horizonte, opções de escala, com voos que ligam os municípios do interior entre si. Em junho deste ano, o projeto iniciou sua terceira fase, ampliando a atuação no Vale do Jequitinhonha e chegando ao Norte do Estado. No mês de agosto, a quarta etapa incluiu mais municípios e ampliou o atendimento.

Os voos são realizados em aeronaves Cessna Grand Caravan 208 B, que transportam até nove passageiros. O valor das passagens varia de R$ 130 a R$ 750, de acordo com a distância percorrida.

O projeto busca fomentar os negócios locais, desenvolver o turismo, integrar as diversas regiões do estado e facilitar o deslocamento de moradores do interior para Belo Horizonte, permitindo que tenham acesso rápido a eventos e serviços disponíveis na capital.  Para Minas Gerais, que possui uma área total de quase 600 mil quilômetros quadrados, o investimento na regionalização por meio do transporte aéreo é estratégico para atender a meta de redução das desigualdades nos 17 territórios de desenvolvimento estabelecidos pelo Governo do Estado.

Segundo informações da Anac, Minas Gerais conta com 86 aeródromos públicos. A administração, a manutenção e a exploração dos aeródromos públicos são atribuições da União. A Setop vem trabalhando em processos de delegação União-Estado, possibilitando investimentos do Governo do Estado em reformas, melhorias e posterior delegação aos municípios ou empresas, para operação e manutenção.

NANUQUE SEMPRE FICA DE FORA

Nanuque, que até já teve aeroporto com linhas regulares nas décadas de 1960 e 70, não sai do chão. Há exatos  14 anos, a cidade aparece no foco dos investimentos do Governo de Minas no setor, mas permanece em segundo plano, ou, melhor dizendo, em plano terrestre.

Entre maio e junho de 2003, quando o prefeito de Nanuque era o médico Armando Gomes, o Governo de Minas começou a sinalizar, de forma vigorosa, com ampla propaganda, a possibilidade de investir pesado no Aeroporto Jorge Schieber, reativando linhas aéreas regulares para Belo Horizonte. Era lançado o Programa Aeroportuário de Minas Gerais (ProAero), pelo então governador Aécio Neves, e Nanuque apareceu entre as primeiras cidades a serem contempladas com recursos do programa.

Dez anos depois, no dia 15 de abril de 2013, o governo do estado liberou R$ 2 milhões 100 mil na adequação e modernização do aeroporto de Teófilo Otoni, dentro do ProAero. As intervenções incluíram a reforma e melhoramento da pista de pouso e decolagem, do pátio de aeronaves, da sinalização diurno e balizamento noturno. Na região do Jequitinhonha/Mucuri, o ProAero anunciava gastos de cerca de R$ 23 milhões nos aeroportos de Capelinha e Diamantina, e estavam previstas intervenções nos aeroportos de Almenara e Araçuaí.

Com o governador Antonio Anastasia (2011-2014), Nanuque continuou de fora. O atual governador Fernando Pimentel, que esteve na cidade no dia 3 de agosto, assumiu em janeiro de 2015 e caminha para finalizar seu terceiro ano de mandato.

ITAMAR FRANCO FALOU DO AEROPORTO DE NANUQUE HÁ MAIS DE 40 ANOS NO SENADO


Foi no dia 28 de junho de 1975, quase 38 anos atrás, que o então senador Itamar Franco (que se tornaria Presidente da República em 1992 e Governador de Minas em 1999), fez um discurso da tribuna do Senado Federal abordando a suspensão de voos para o Município.

Em plena sessão, Itamar fez um apelo ao ministro da Aeronáutica na época, tenente-brigadeiro Joelmir Campos de Araripe Macedo, no sentido de que fossem “determinadas providências urgentes para contornar a situação de isolamento por que passa aquela cidade, ao ver suspensos os voos regulares da Varig, de Belo Horizonte a Salvador, com escala em Nanuque, tendo já a Transbrasil, há dois meses, abandonado o Aeroporto daquela cidade”.

NELSON MARTINS QUADROS ERA O PRESIDENTE DO SINDICATO RURAL DE NANUQUE

O senador tomara conhecimento do problema por meio de telegrama a ele endereçado, assinado pelo então presidente do Sindicato Rural de Nanuque, Nelson Martins Quadros. No telegrama estava escrito (mantido o texto original da época): “Comunicamos V. Ex.ª que Varig suspendeu ontem seus vôos regulares para Nanuque vg na rota Belo Horizonte-Salvador pt Há dois meses Transbrasil abandonou nosso aeroporto. Sem rodovia pavimentava, agora também sem aviação comercial doméstica, Nanuque acelera seu isolamento de Minas Gerais pt Comunidade revoltada pt Respeitosamente Nelson Martins Quadros vg Presidente Sindicato Rural de Nanuque”

O histórico pronunciamento de Itamar Franco está contido no livro “Minas no Senado”, editado em 1980, que traz um balanço de sua atuação naquela casa legislativa.

Em março de 2009, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) do Governo de Minas chegou a divulgar nota oficial, garantindo que, no máximo, até o final de 2010, deveriam estar concluídos os trabalhos de modernização e regularização de linhas aéreas no Aeroporto Jorge Schieber, de Nanuque. O compromisso não foi cumprido.

Na ocasião, Marcos Bicalho, chefe de Gabinete da Setop, informou: “o Aeroporto deverá receber melhoramentos e balizamento noturno para voo por instrumento, conforme previsto no programas Proaero”. Acrescentou, ainda, que o projeto de engenharia estava sendo elaborado e ficaria pronto ainda naquele primeiro semestre de 2009. “De acordo com o programa, a realização dos trabalhos de melhoramentos está prevista para 2010”, assegurava o documento da Setop.

A informação da Setop foi redigida com aproveitamento de dados de relatório feito pela Comissão Especial dos Aeroportos da Assembleia Legislativa, instalada em 2008 para estudar investimentos visando fortalecer a aviação regional.

Foi constatado que o Aeroporto de Nanuque “necessitava de poucos investimentos para ficar em plenas condições de receber linhas regulares, como a remoção de um lixão nas proximidades, iluminação da pista e equipamentos operacionais”.


 O Aeroporto Jorge Schieber foi referência no processo de desenvolvimento socioeconômico de Nanuque e região nas décadas de 60 e 70, mantendo linhas regulares para importantes cidades, incluindo Belo Horizonte, Ilhéus (BA) e Vitória (ES).

Nenhum comentário:

Postar um comentário