Como efeito de toda polêmica decorrente da operação Carne
Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março, que quase deixou o Brasil em
maus lençóis no panorama das exportações, é quase certo que o problema da carne
consumida em Nanuque e dos abates
clandestinos deverá ser incluído entre os assuntos que serão relacionados na pauta
das próximas reuniões da Câmara.
A questão é antiga e nunca esteve sob total controle da
Vigilância Sanitária Municipal, muito menos dos órgãos fiscalizadores do estado
de Minas Gerais e do Ministério da Agricultura. Agora, por se tratar de um
problema que remexeu na preocupação das pessoas, é aconselhável que o governo
municipal, em seu quarto mês de trabalho, dê a merecida atenção que a situação
requer.
Se a Vigilância Sanitária, sozinha, não dispõe de
ferramentas para entrar em ação, que se busquem parcerias com os governos
estadual e federal para um vigoroso combate ao abate clandestino de animais.
EM NANUQUE A SITUAÇÃO MELHOROU MUITO, MAS O FANTASMA RONDA
Por ter sido alvo de ações do Ministério Público em
parceria com a Prefeitura há alguns anos, quando se intensificaram as
fiscalizações e adequação das casas de carnes aos rígidos padrões vigentes, a
qualidade da carne vendida em Nanuque melhorou bastante. Muitos açougues da
feira coberta ou mesmo do antigo mercado, além de estabelecimentos espalhados
pela cidade, comercializam produto de boa qualidade, cumprindo as exigências
legais, mas há informações de que o fantasma da carne clandestina não deixou de
rondar as mesas das famílias.
É obrigação dos vereadores promover a discussão, de forma
clara e objetiva. O abate clandestino de animais representa riscos ao
consumidor, pela ingestão de alimentos de qualidade sanitária suspeita, além de
gerar a contaminação do meio ambiente.
OBRIGAÇÃO DO MUNICÍPIO - O papel do Municípios, através
da Vigilância Sanitária, é fundamental no combate ao comércio ilegal, na
educação ambiental e do consumidor.
ABATES CLANDESTINOS - A carne pode ser considerada
clandestina quando não é realizada a fiscalização pelo serviço de inspeção
sanitária e quando há sonegação fiscal. O fornecimento de carne não
inspecionada prejudica o controle de zoonoses e a segurança alimentar, além de
causar uma série de doenças como toxoplasmose, teníase, cisticercose, brucelose
e tuberculose.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, pela Lei
8.137, a comercialização de produtos impróprios para consumo é crime, com pena
de detenção de até cinco anos ou multa.
O abate clandestino representa um dos mais preocupantes
fatores de risco à saúde pública, pela exposição a agentes infecciosos e
parasitários, como aqueles que são transmitidos ao homem pelos animais, pela
ingestão de alimentos de qualidade sanitária suspeita e pela contaminação do
meio ambiente.
Também representa um grande desafio para as autoridades
sanitárias porque impede o controle sanitário e a rastreabilidade da carne,
tanto na ausência de exame adequado das carcaças, quanto pela inobservância de
normas e procedimentos sanitários durante a manipulação do animal, que ofende a
legislação e o direito do consumidor. Trata-se de um crime contra os
consumidores que precisa ser coibido com veemência pelos poderes públicos.
DOENÇAS - As doenças transmitidas por alimentos são
responsáveis por significativos gastos públicos no Sistema Único de Saúde –
SUS. A atuação do Serviço de Inspeção assume um papel importante na qualidade
da saúde dos consumidores, seja através do combate a produção e comercialização
de alimentos de origem clandestinos, como pelo aumento da oferta de produtos
inspecionados pelas fiscalizações higiênico-sanitários.
Perigo à mesa:
30% da carne consumida no Brasil é clandestina
Dados da Organização
Não-Governamental Amigos da Terra revelam que 30% da carne brasileira vem de
abate clandestino. O preço, que chega a ser 40% mais em conta, garante o
sucesso do negócio. Barato, entretanto, que sai caro, já que o produto é
impróprio para o consumo e pode até matar.
Para assegurar a
procedência do alimento consumido, o mais importante é sempre procurar o selo
de inspeção e ler as informações presentes no rótulo. Se houver alguma
inconsistência nesses dados, o comprador deve desconfiar.
Larvas
Um dos problemas mais
comuns ao consumir a carne sem os devidos cuidados é a toxinfecção alimentar,
infecção adquirida por meio do consumo de alimentos contaminados por bactérias
ou toxinas. A teníase é outro risco resultante das más condições sanitárias. A
doença, causada por parasitas, geralmente é transmitida pelo consumo de carne
contaminada com cisticercos (larvas do verme). Quando mal cozida ou assada,
pode causar sérios riscos ao organismo, entre eles problemas nervosos e
cegueira.
Tem mais. Os produtos
obtidos a partir do abate clandestino podem ser também vetores das doenças
transmitidas pelos animais, como a tuberculose e brucelose. Os abates
clandestinos são efetuados em locais impróprios, sem estrutura adequada e sem
higiene. Há riscos de contaminação ambiental, propagação de vetores transmissores
de doenças e prejuízo à saúde pública.
Alguns problemas que a
carne contaminada pode causar:
Salmonela – Conhecida
vulgarmente como salmonela, trata-se de um reino de bactérias que causa
infecção. Sintomas podem variar de dor de cabeça à forte diarreia. A
desidratação pode levar à morte.
Escherichia Coli – É uma
bactéria presente no intestino dos humanos e alguns animais. Existem vários
tipos desta bactéria e, se ingerido outro tipo deste micro-organismo a saúde
pode ser afetada negativamente. Podem aparecer sintomas como dor de estômago, vômito
e até diarreia com presença de sangue.
Teníase – É uma doença
causada por parasitas que habitam o estômago de animais. Quando contaminada a
carne – e consumida mal passada ou crua – pode ser repassado para o ser humano.
O parasita pode passar do intestino para a corrente sanguínea e se alojar no
cérebro, olhos, pele ou músculos – inclusive do coração – podendo conferir ao
portador quadro de cegueira definitiva, convulsão ou, até mesmo, óbito.
Dicas valiosas para a hora
de comprar carne
Carne bovina:
– Deve ser vermelha, sem
manchas ou pontos escuros, e com consistência firme.
– Se estiver congelada e
soltando água ou um pouco mole, não compre.
– A carne deve ser moída
na presença do comprador. Se for moída previamente, deve estar embalada com
rótulo e carimbo de inspeção federal ou estadual. Se estiver sem registro, há o
risco de ser uma mistura de sebo, pelancas e aditivos químicos que garantem a
cor.
– Observe sempre os dois
lados da carne, pois pode estar bonita por cima e ruim do outro lado.
– Preste atenção nas
condições de limpeza da superfície onde a carne é cortada, pois o líquido que
fica de um pedaço pode contaminar outro.
– Nunca compre carne
bovina em feiras-livres, pois geralmente são de procedência clandestina e podem
transmitir doenças.
Carne suína:
– Nunca compre se estiver
com bolinhas brancas, popularmente chamadas de ‘canjiquinha’, pois isso indica
que o animal estava infestado por cistos de Tênia, que podem contaminar o
consumidor.
– A carne deve estar com
consistência firme, não amolecida e nem pegajosa.
– Assim como a carne
bovina, não deve ser adquirida em feiras-livres.
Carne de aves:
– Deve estar bem aderia
aos ossos, com cor amarela pálida, um pouco rosada, e com consistência firme.
– Só compre miúdos
(fígado, coração, moelas) se estiverem conservados com sistema de refrigeração,
pois, caso contrário, podem entrar em decomposição facilmente.
– Não compre carne de aves
congelada que apresente embalagem danificada e com água ou sangue.
Embutidos e frios:
– Os produtos à base de
carne, como salsichas, presunto, linguiças, mortadelas, e outros, são altamente
perecíveis e devem ser mantidos sob refrigeração constante.
– Nunca compre se
estiverem amolecidos, soltando algum líquido, com superfície úmida ou qualquer
tipo de mancha.
– Os produtos enlatados,
depois de abertos, devem ser guardados em outro recipiente; a lata deve ser
jogada fora.
– Quanto vendidos já
fatiados, as embalagens devem constar informações sobre o fabricante, o
estabelecimento onde foram fatiados, bem como data do fatiamento e prazo de
validade.
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