Na semana passada, dois eventos homenagearam o médico,
ambientalista e escritor Ivan Claret Marques Fonseca: em Nanuque, durante a
reativação do projeto “Lagoa Viva”, na Lagoa dos Namorados, foi anunciada o
lançamento da “Comenda Dr. Ivan – Prêmio Global 500 da ONU”, destinada a
homenagear personalidades locais; e, em Teófilo Otoni, a Academia de Letras e o
Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri (IHGM) lhe conferiram a Medalha
Comemorativa do Centenário do Historiador Nelson de Figueiredo.
DR. IVAN E ARANHA: PARCEIROS EM AÇÕES DE DEFESA AMBIENTAL |
O vereador Antonio Carlos Aranha Ruas, que durante anos
foi parceiro de Ivan em eventos ambientais e esportivos em Nanuque e região,
diz que “todas as homenagens prestadas ao Dr. Ivan Claret são mais que justas e
merecidas. Foi um homem à frente do seu tempo, preocupado com a natureza e com
a vida humana no planeta Terra. Quando ninguém falava em preservação ambiental
ou achava que isso era assunto inútil, Dr. Ivan já nos alertava para o
problema. Fico feliz quando vejo essas iniciativas”.
Ivan faleceu dia 12 de fevereiro de 2013, aos 74 anos. Sua
principal honraria foi o Prêmio Global 500 de Ecologia, concedida pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1990.
Dr. Ivan nasceu dia 11 de julho de 1938 em Santo Estevão
(BA), passando a residir em Nanuque em 1965. Paralelamente à medicina, sempre
foi um inquieto defensor da natureza, com vários textos publicados em jornais e
revistas, além de livros. Em julho de 1975 publicou seu primeiro livro –
“Pastagens Melhoradas” – julho de 1975.
Daí por diante, foram 104 livros, a metade sobre Ecologia e os restantes sobre Medicina Preventiva, História e
Filosofia. Publicou, também, 380 folhetos com tiragem de cerca de 1.000
exemplares cada, dos quais mais da metade sobre Ecologia.
HOMENAGEM DA ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI E IHGM |
Em sua trajetória, vale assinalar: membro do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões; membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas
Gerais; membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores; homenageado pelo
Lions Clube de Nanuque, como membro honorário em 1975; pelo Rotary Club de
Nanuque, em 1995; pelas Lojas Maçônicas
Grande Oriente do Brasil e Estrela do Mucuri, em 1995.
HOMENAGEM DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL |
Desde quando chegou a Nanuque, adquirindo propriedade
rural, jamais praticou queimada em suas terras, propiciando o surgimento das
essências da Mata Atlântica. Em 1973, começou a publicar textos de conteúdo
ecológico e promover campanhas de conscientização contra o desmatamento,
queimadas, uso indiscriminado de inseticidas e fungicidas, campanhas de
arborização urbana, de proteção de nascentes e rodovias, dedicando-se
especialmente à conservação do solo e preservação dos remanescentes da Mata
Atlântica; campanhas contra o cigarro e prevenção de acidentes de trânsito.
Através da Fundação Ecológica “A Mão que Semeia”, editou
durante muitos anos o boletim ecológico. Realizou centenas de palestras em
escolas do Município e em universidades do País, além de entrevistas à
imprensa, tendo participado de programas como Globo Rural, Globo Ecologia,
Gente que Faz e outros na emissora de TV local e em nível nacional, além de
reportagens nas revistas Veja e Manchete.
MATÉRIA DA REVISTA MANCHETE |
Desde 1990, percorreu o Brasil, América Latina, Europa,
China, Egito e Israel, cerca de 180.000 km de avião e 130.000 km de carro,
ônibus, barco e trem, divulgando o trabalho e a preservação ambiental. Em 1975,
criou um parque ecológico, com área de 5,5 hectares, com cerca de 200 espécies
e variedades de plantas que doou à Prefeitura Municipal de Nanuque, em 1979,
para servir ao ensino de Educação Ambiental às crianças de Nanuque. Idealizou e
construiu, em 1973, o Museu Regional de Nanuque, com a colaboração da
Prefeitura Municipal.
Em 1990, com recursos próprios, construiu o Museu de
Ecologia, com área de 108 m2, reunindo milhares de publicações sobre ecologia e
meio ambiente. Depois de tantas atividades, em 1990, finalmente, seu trabalho
foi reconhecido em nível internacional, quando recebeu o Prêmio Global 500 da
ONU para o Meio Ambiente. Ainda em 1990, construiu um trailer para a divulgação
de mensagens ecológicas e distribuição de folhetos educativos, informativos e
de divulgação do trabalho ecológico.
Durante décadas, sempre se preocupou em plantar uma área
de 20 hectares, nas proximidades do povoado de Vila Gabriel Passos, com
milhares de árvores nativas, frutíferas e ornamentais.
Em 1996, apresentou trabalhos e proferiu palestras na
Universidade de Tampere, XX Congresso Florestal de Tampere, na Universidade de
Turko e Unicef, em Helsink-Finlândia, e
na Universidade Latino Americana, em Berlim. Visitou a China, em 1997, a
convite do Departamento de Ciências e Tecnologia do Governo.
Também em 96, construiu uma barragem em sua propriedade,
em regime de mutirão, para a criação de peixes, com 24.000 m2, e produzindo
centenas de quilos de peixe/ano, a fim de incentivar crianças à prática da
pesca, fornecendo anzol e linha, incentivando, também, a construção de outras
pequenas barragens na região.
Em 1997, construiu o Museu Homo Sapiens, contendo um
resumo da cultura humana, com peças em concreto. No mesmo ano, construiu o
Mosteiro Franciscano Ecológico para educação ambiental, em regime de mutirão,
com doações de amigos.
Em 2000, construiu uma Pirâmide em concreto, com 36 m2,
como local de meditação. Em 2000, conseguiu com vizinhos a criação de uma
reserva da Mata Atlântica junto ao mosteiro com área de 20 (vinte) hectares.
Entre 2001 e 2004, construiu em granito réplicas do Mausoléu, da Kaaba em
homenagem ao Maometanismo e do Muro das Lamentações em homenagem ao Judaísmo, e
a Capela da Paz.
Foi agraciado com a Comenda do Município de Nanuque – o
Título de “Cidadão Honorário”.
Outra grande contribuição foi o livro de sua autoria –
“Nanuque – Seu Povo, Sua História”, editado em 1986, que conta a história da
fundação do Município, desde a chegada dos primeiros moradores, datas
históricas, ressaltando a economia da região, os primeiros habitantes
indígenas, abertura da estrada de ferro Bahia/Minas, dados geográficos, informações das diversas
áreas de interesse e prestação de serviços, pessoas influentes, documentos e
fotos antigas. Continua representando a mais completa fonte de pesquisa
bibliográfica para estudantes e os órgãos oficiais.
EM 2011, ARANHA PROPÔS ATUALIZAÇÃO DO LIVRO
Em novembro de 2011, Aranha, em seu primeiro mandato de
vereador, chegou a apresentar na Câmara uma Indicação cobrando apoio e
destinação de recursos para viabilizar nova edição – revista e atualizada – do
livro.
Na época, ele sugeriu criar uma comissão especialmente
designada para tal incumbência, sob a coordenação do autor do livro, formada
por pessoas como o ex-prefeito Antonio Pereira Louzi, pessoa conhecedora de
aspectos ligados à nossa história; professores da área de Ciências Humanas,
como Joan Carvalhais, Maria da Conceição Schieber, Ademir Rodrigues de Oliveira
Junior e outros; pessoas que vivenciaram nossa história, como Manoel Borges
Gomes, o conhecido “Marraia” (falecido recentemente), Laerte Souza Gomes; a educadora Geilda Santos; o cantor e
colunista do jornal Objetivo, Arnaldo Francisco, o Nadinho, filho do pioneiro
Francelino Francisco, e pessoas citadas pelo autor por terem colaborado na primeira
edição, como o fotógrafo e ex-vereador Édem Almeida Rocha, o conhecido “Guará”,
e Zélia Aparecida Miranda.
EX-PREFEITO LOUZI E A PROFª GEILDA: ENTRE OS NOMES CITADOS PARA UM TRABALHO DE ATUALIZAÇÃO DO LIVRO DE IVAN CLARET |
O livro de Dr. Ivan é o mais amplo trabalho utilizado
como fonte de consulta para aspectos relacionados à história de Nanuque.
Em nota introdutória da época, o autor escreveu: “Há
muitos anos que me intrigava a falta de um livro que contasse a história de
Nanuque. A sua história existe, porém, toda fragmentada em diversas fontes. Por
isso, nos propusemos a apresentá-la, procurando juntar o que diziam as mais
diversas fontes históricas”.
Como se verifica nas páginas da obra, as informações
contidas naquela primeira edição abrangem desde a colonização do Vale do
Mucuri, a fundação e emancipação de Nanuque, até o ano de 1985. Na lista de
prefeitos, o último administrador mencionado é José de Carvalho Caires, que
governou Nanuque de 1983 a 1988, bem como a 9ª composição da Câmara Municipal
de Nanuque, que já está em sua 18ª Legislatura.
<>
Nenhum comentário:
Postar um comentário